O projeto Futuro do Golfe, organizado pela Federação de Golfe do Estado do Rio de Janeiro (FGERJ) com patrocínio da Raízen e da Estácio de Sá, ganhou destaque no caderno de esportes do Estadão, o jornal O Estado de São Paulo, no último sábado, dia 7, em matéria assinada pelo jornalista Ronald Lincoln Jr.
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Projeto no Rio quer popularizar o Golfe
Federação do Rio cria “Futuro do Golfe, trabalho que pretende desenvolver 12 jovens para torná-los atletas com potencial para ir à Olimpíada de 2020
Após mais de 100 anos fora da Olimpíada, o golfe voltará a ser disputado nos Jogos do Rio, em 2016. Com a proximidade do evento, a Federação de Golfe do Estado do Rio de Janeiro (FGERJ) criou o projeto Futuro do Golfe com o objetivo de popularizar o esporte no estado.
A iniciava propõe desenvolver 12 jovens promissores do esporte e tornálos atletas de alto rendimento. Eles passam por treinamentos intensivos e são acompanhados por uma equipe que reúne fisiologistas, um técnico esportivo, preparadora física, psicólogo, fisioterapeuta, nutricionista e médico.
A maioria das atividades é realizada nos dois principais campos da capital fluminense, o Itanhangá e o Gávea Golf Club, ambos privados.
Os 12 atletas contemplados no projeto passaram por uma rígida avaliação antes de serem escolhidos. Além da qualidade técnica, fizeram vários exames para testar a capacidade física.
“Fizemos testes físicos, psicológicos, técnicos, nutricionais e bioquímicos”, relatou Estélio Dantas, supervisor do Futuro do Golfe. “O somatório de todos esses índices nos deu a resposta dos jovens mais promissores da modalidade”, explicou.
A intenção dos responsáveis é criar uma base sólida de formação de atletas. “Esperamos resultados em um período de médio a longo prazos. O esporte brasileiro não tem mais um Guga que sai do qualifying (etapa classificatória do tênis) para vencer Roland Garros”, explicou Abílio Pereira Jr., diretor de projetos da FGERJ e idealizador do Futuro do Golfe.
Devido à proximidade da Olimpíada, o dirigente reconhece que não há tempo de os jovens serem classificados para a competição. A expectativa, no entanto, é que os jovens disputem vaga nos Jogos de Tóquio, em 2020. “Não queremos apenas um jogador de ponta. Estamos nos estruturando para criar uma geração de grandes atletas. Passo a passo.”
Ao criar o projeto, Pereira Jr. usou como referência um modelo de ensino esportivo norteamericano, o IMG Academy, que promoveu atletas campeões de diversas modalidades, como André Agassi, Pete Sampras e as irmãs Williams. Pereira Jr. ficou mais de um mês nos Estados Unidos estudando os padrões de ensino esportivo da academia. Apenas depois disso definiu o formato do programa.
Os recursos para conduzir o projeto vêm de parcerias com empresas privadas, por meio da Lei de Incentivo Fiscal. Um desses parceiros é a Universidade Estácio de Sá, que contribui com a doação de bolsas de estudos integrais.
“No Brasil, muitas vezes o jovem se destaca e deixa a escola de lado. E só vai ter chance de ser bemsucedido na vida se tiver sucesso no esporte”, criticou Pereira Jr. “Com uma boa formação educacional, o jovem pratica o esporte com segurança e, se depois não der certo, pode ter uma profissão.”
Em dezembro do ano passado, o Futuro do Golfe completou um ano e o trabalho tem dado frutos, com atletas despontando no ranking amador do País.
Um exemplo é o jovem Daniel Ishii, de 22 anos. Desde o início do projeto, conseguiu uma evolução rápida no ranking nacional amador, pulando do oitavo para o segundo lugar. Além disso, é o líder do ranking estadual.
Ishii ocasionalmente recebe convites para competir entre profissionais, condição em que pretende estar definitivamente em pouco tempo. “O que tem feito mais diferença é o acompanhamento psicológico, principalmente nos momentos de competição. No golfe, conta muito”, afirmou.
Apesar de não disputar os Jogos do próximo ano, Ishii acredita que o evento no Brasil irá popularizar o esporte. “O novo campo (que está sendo construído na Barra da Tijuca) vai ajudar bastante.”
Opinião semelhante é compartilhada por Pereira Jr. “O golfe é um esporte mistificado, as pessoas têm preconceito por pensar que é algo de rico”, considerou. “Só existem campos privados no Rio, o que causa uma demanda reprimida.”
O diretor espera que o retorno ao programa dos Jogos ajude a consolidar o golfe no País. “Daqui a três anos o esporte vai estar mais acessível e vai dar um salto no Brasil.”
Conexão Japeri se destaca entre os jovens talentos do Projeto
Quatro jogadores da cidade da Baixada Fluminense, que fica a 95 km da capital, estão no grupo que almeja o alto rendimento
Durante o processo de seleção dos 12 participantes do Futuro do Golfe, foram escolhidos quatro jovens da cidade de Japeri, na Baixada Fluminense. Por causa da distância – de aproximadamente 95 quilômetros – para os campos do projeto, eles treinam nos dias úteis no Japeri Golfe Clube, que os revelou, e no sábado viajam para a capital, onde passam o dia realizando o cronograma de atividades e de treinamento.
Um deles é Breno Domingos, de 17 anos. “Eu jogava futebol, cheguei perto de ser jogador, mas apareceu o golfe, aí já sabe”, contou o atleta, que é o terceiro do ranking amador do Rio. Ele foi apresentado ao esporte há seis anos por intermédio de um projeto social, também promovido pela FGERJ, no campo de Japeri.
Filho de um pintor e de uma dona de casa, ele concluiu o ensino médio no ano passado e está prestes a iniciar o curso de engenharia civil na Universidade Estácio de Sá com bolsa integral, graças ao Futuro do Golfe. “Conseguir dar uma bolsa a esses jovens de Japeri já é um golaço”, comemorou Pereira Jr., idealizador do projeto.
Revelado no mesmo campo que Breno, Cristian Barcelos, de 19 anos, está vendo o esporte mudar sua vida. Ele já foi campeão brasileiro juvenil em 2012 e, hoje, ocupa o segundo lugar do ranking estadual amador. Mas não teve um início fácil. “Meus pais achavam que era esporte para rico. Meus amigos me zoavam para caramba, falavam que eu corria atrás da bolinha”, brincou. “Mas hoje em dia eles me dizem para correr atrás desse sonho.”
Vicky Whyte, ex-diretora da FGERJ e presidente do clube de Japeri, efetivou Cristian como instrutor no campo local. Ele ganha R$ 800 por mês, dinheiro oportuno na complementação da renda de sua família, formada por três irmãos, o pai policial militar e a mãe, que deixou o trabalho de cabeleireira por causa de um problema de saúde.
“Ele tinha de trabalhar ou jogar. Então, eu falei: ‘ele vai trabalhar em Japeri e a gente libera ele para os campeonatos fora’”, contou Vicky, orgulhosa. “Hoje ele é ídolo das crianças.”
Cristian ficou fora da escola por quatro anos e corre para concluir o ensino médio porque já decidiu, em seguida, estudar Educação Física, para poder fazer carreira de professor.
Vicky ainda contou sobre as dificuldades impostas aos jovens pelo alto custo do esporte. “Os tacos bons e do ano custam mais de mil dólares. Tem que ter sapato novo, equipamento novo, bolas das melhores”, enumerou. “Os custos nesse país são tão grandes para qualquer campeonato.” Ela admite ter se surpreendido pelo fato de eles terem chegado tão longe no esporte. “As diferenças financeiras entre eles e o mundo do golfe são grandes”, considerou. “Realmente não esperava."