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ALEXANDRE ROCHA RECOLOCA BRASIL NO PGA TOUR

por: Ricardo Fonseca
 
Vinte e nove anos após Jaime Gonzalez ter jogado a última de suas quatro temporadas no PGA Tour, o Brasil voltará a ter um representante no circuito profissional mais bem pago do mundo. O feito foi conseguido por Alex Rocha ex-aluno de Jaime, que conquistou sua vaga de forma dramática nesta segunda-feira, na sexta e última volta da seletiva final para o PGA Tour de 2011.
 
Rocha não jogou bem nas primeiras rodadas, mas começou sua reação a partir da quarta volta, no sábado, até chegar ao último dia do torneio em 36º lugar, com seis abaixo, a 10 posições e a três tacadas dos jogadores empatados até a 25ª colocação, que garantiriam seu cartão para jogar no PGA Tour na próxima temporada. Abaixo desta posição, nas 25 colocações seguintes, restaria o consolo de ganhar o cartão para o Nationwide Tour, o circuito de acesso ao PGA Tour. Mas não era o que Rocha e nenhum dos jogadores em campo queriam.
 
Drama – Para deixar a situação mais dramática para o brasileiro nesta segunda-feira, Rocha abriu a volta final com cinco pares consecutivos e fez um bogey no 15, seu sexto buraco do dia, para voltar a cinco abaixo. Foi aí que este paulista de 33 anos recém-completados mostrou porque é considerado um jogador fora de série desde que deu suas primeiras tacadas no São Fernando Golf Club, em Cotia, onde aprendeu a jogar. Rocha reagiu com birdies no 17 e no 18, para ficar com sete baixo e chegar muito perto da vaga.
 
Mas, ao mesmo tempo em que o brasileiro subia na tabela, a zona de classificação também ficava mais alta. Restando nove buracos para jogar, Rocha ainda precisava buscar três tacadas, uma vez que só os jogadores com dez abaixo do par, ou melhor, estavam entre os 25 primeiros naquele momento.
 
Virada – Rocha se valeu, então, do que sabe fazer melhor: bater a bola longe e reto como poucos. Ele atacou os dois buracos de par 5 da primeira metade no campo para fazer birdies no 1 e no 4 (seus 10º e 13º buracos do dia) pela primeira vez na semana e ficar momentaneamente em 27º lugar, com nove abaixo. Mas ainda não bastava. O birdie decisivo só veio no buraco oito, um par 3. Aí foi só fazer par no buraco final, jogar 68 pelo terceiro dia consecutivo e deixar o campo empatado em 21º lugar, com dez abaixo.
 
Mas havia muito mais drama pela frente, com pelo menos duas dúzias de jogadores em campo, que vinham empatados com ele ou logo atrás na tabela, ainda podendo melhorar sua classificação e empurrar Rocha, e os que dividiam o 21º lugar com ele para além da 25ª posição. Entre Rocha deixar o campo, às 16h37, e a vaga estar matematicamente garantida, às 17h52 , foram mais de duas horas de drama para ele, sua família, amigos e torcedores de todos os cantos do país.
 
Jogadas – O Golf Channel transmitiu as três rodadas finais das seletiva, ao vivo, e nesta segunda-feira e mostrou duas das jogadas decisivas para o brasileiro: o birdie no 17, um par 3 onde deixou a bola muito perto da bandeira, quase um hole-in-one, e no 18, um par 4 onde seu segundo tiro para o green abriu e ficou muito longe da bandeira que estava no fundo, do lado oposto. Rocha bateu um primeiro putt muito firme, que passou um metro e meio do buraco, e embocou de volta, bem no meio, com firmeza, para garantir sua classificação.
 
Rocha foi entrevistado pelo Golf Channel logo após sair do campo e, com os olhos vermelhos, disse que sempre soube que poderia jogar no PGA Tour. O brasileiro explicou ainda que o tempo ruim acabou por beneficiá-lo. "Ter jogado na Europa, na Ásia e em tantos outros lugares me deu experiência e me ajudou a enfrentar todo o tipo de dificuldade que tivemos esta semana, como o frio, o vento, e as posições difíceis da bandeira", explicou.
 
Vagas – Rocha terminou o torneio com 419 (72-73-70-68-68-68) tacadas, dez abaixo do par, empatado na 22ª colocação com mais quatro jogadores. Esses foram os últimos dos 26 jogadores que ganharam o cartão para jogar no PGA Tour em 2011. Outros 32 (os 25 seguinte e empatados), ganharam vaga no Nationwide Tour. Entre os jogadores famosos que conseguiram apenas a vaga para o circuito de acesso estão Jeff Quinney, Camilo Benedetti, Mathew Goggin, Will MacKenzie, Jason Gore, Carlos Franco e Aaron Watkins.
 
Billy Mayfair, de 44 anos, ganhador de cinco torneios do PGA Tour, foi o campeão da seletiva, com 18 abaixo (69-69-68-68-67-70), depois de ser o único entre 156 pretendentes a jogar abaixo do par nas seis rodadas. Entre os famosos que não conseguiram o cartão para nenhum dos dois circuitos estão John Merrick, Danny Lee, Skip Kendall, Scott McCarron, Mark Hensby, Erik Compton, Ty Tryon, Lee Janzen e Peter Lonard.
 
Sonho – Finalmente a agonia terminou com Rocha garantindo o que lhe faltava, a chance de realizar um sonho e mostrar no maior circuito profissional do mundo que tem talento e garra para jogar entre os melhores do mundo. Ele já havia feito isso por três temporadas no Tour Europeu, mas jogar longe de sua casa e de sua mulher, que mora com ele nos Estados Unidos, sempre foi um fato complicador.
 
Rocha foi o primeiro brasileiro a chegar à fase final de seletivas para o PGA Tour nos últimos 30 anos. Antes dele, apenas Jaime Gonzalez havia estado lá, em 1977 e 1979, quando conquistou seu passaporte nas duas vezes, primeiro para o PGA Tour de 1978 e, depois, para recuperar o cartão perdido após sua temporada de estréia. Jaime, que até agora havia sido o único brasileiro a jogar no PGA Tour, permaneceu no circuito americano de1980 a 1982, antes de ir jogar na Europa pelos oito anos seguintes.
 
Fonte: PORTAL BRASILEIRO DO GOLFE