Europa venceu Estados Unidos na Ryder Cup, o grande desafio por equipes entre os astros do golfe mundial, e o segredo da vitória foi a verdadeira união européia, sem jogo de palavras. “Em Europa estamos pertos, viajamos e passamos a maior parte do tempo juntos e certamente mais do que o time americano. Estávamos encantados de estar juntos. É importante ter esse sentimento”, definiu o escocês Colin Montgomerie, que apresentou seu melhor nível de jogo dos últimos tempos.
A equipe americana, com os maiores astros do ranking mundial entre eles Tiger Woods e Phil Mickelson, caiu derrotada por ampla margem, um total de 18,5 pontos contra 9,5 pontos. As duplas dos Estados Unidos mostraram pouco entendimento e quase nenhum carisma no campo de Oakland Hills, perto de Detroit. “Se temos que fazer um ajuste é no sistema que estabelece o ranking mundial. Esses jogadores europeus são extraordinários”, resumiu o capitão americano na competição, Hal Sutton. O centro mundial do golfe, do ponto de vista dos maiores prêmios, fica Estados Unidos mas a pergunta hoje é onde fica o centro da maior qualidade técnica, após o claro trunfo europeu, o quarto nas últimas cinco edições da Ryder Cup.
O alemão Bernhard Langer, capitão europeu, recebeu um banho de champanha após a vitória, a de maior margem dos últimos 15 anos. A personalidade efervescente e o nível de jogo do jovem jogador espanhol Sergio Garcia, de 24 anos, foram decisivos para o trunfo da equipe da União Européia. O mais novo jogador do time europeu ganhou 4,5 pontos dos cinco que disputou. Para os golfistas reunidos frente aos televisores do Gávea e de Búzios, onde se disputaram no fim de semana concorridos torneios do calendário carioca, Phil Mickelson e Davis Love III foram as maiores decepções do lado americano.
Nesta hora de repensar o esquema mundial do golfe profissional, não será também o momento de buscar uma união dos países do hemisfério sul do mundo para criar uma terceira região de golfe para disputar com Europa e Estados Unidos? Além dos profissionais argentinos, paraguaios, poderia contar-se com os sul-africanos e australianos, que integram a nata do golfe mundial. Quem houvesse pensado anos atrás num jogador espanhol com um capitão de equipe alemão para vencer com facilidade a equipe americana, na sua terra? Argentina foi vice-campeã mundial e Paraguai ocupou um terceiro lugar no campeonato mundial de 2000, África do Sul é a atual campeã e Austrália sempre sobe no pódio. Do lado brasileiro, a equipe nacional, com João Corteiz e Fabiano dos Santos, busca esta semana passar no México pela classificatória para disputar o campeonato mundial, onde há muitos anos a equipe brasileira não chega a integrar o grupo de 16 finalistas. Todo grande jogo de golfe começa pelo sonho da dar uma primeira bela tacada.